terça-feira, 28 de julho de 2009

NOVOS TEMPOS

CORREIO DO POVO - ANO 114 Nº 301

PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2009

Texto de Juramir Machado

Nada é o que parece. Ao que parece. Tudo é questão de ponto de vista. Ponto. À vista. Os novos tempos produzem situações absolutamente fora de controle. O controle, de resto, é remoto. Mas o canal é sempre o mesmo: um pistolão. Abre caminho. É o método preferido dos bandidos. E dos namorados de netas de senador. As câmeras nos vigiam por toda parte. Mas não vigiam as Câmaras. Muito menos o Senado. Se correr o deputado pega, se ficar o senador come. Se gritar pega senador, não fica um, meu irmãozinho, não fica um para a comissão de ética. Como diz o outro, cunhado não é parente. Salvo se for para arranjar emprego.


Conversa entre cliente e advogado:

– Cometi um crime hediondo, um crime terrível, doutor.

– Resolveu se candidatar?


Bate-papo entre dois mecânicos da Fórmula 1:

– Barrichello não teve culpa alguma. Ele deu azar.

– Estava correndo atrás?

– Não, na frente.


A vida é assim mesmo. Como? Uma sucessão de crises sem explicação e de explicações em crise. Tudo se discute, nada se resolve.


Debate entre um especialista em comportamentos contemporâneos e um eleitor brasileiro:

– Tudo mudou depois de 1968. Foi uma revolução do cotidiano. A família brasileira mudou seu comportamento.

– É. Tem razão. Agora só falta a família Sarney.

O criminoso retoma a conversa com o advogado:– Doutor, cometi um crime bárbaro. Estou liquidado.

– O senhor tem provas?


Galvão Bueno chega ao hospital em Budapeste:

– O senhor é parente?

– Não. Sou o Galvão Bueno.

– Então, José Sarney nada pode fazer pelo senhor.

– Mas eu sou da Rede Globo!

– Neste caso, o Lulla mesmo resolve.


O criminoso volta apavorado para conversar com o seu advogado. Teme, contra toda as evidências, ser condenado:

– Doutor, insisto, o crime que cometi é mesmo hediondo.

– O senhor tem prova?

– Tenho.

– O que prova que a sua prova é uma boa prova?

Nada é o que parece. Menos ainda o que transparece. Lugo e Lulla se encontraram para um entendimento.

– Pô, Lugo, me dá uma luz para que eu possa te ajudar.

– Claro, amigo. Energia para isso é o que não me falta.

– Todo mundo sabe que você tem energia de sobra, Lugo. Vamos resolver isso numa boa. Me dá uma luz, vai, meu.

– Dou, claro. Mas quero 200% de aumento.


Papo-cabeça: o Rio Grande do Sul está acéfalo. Ufa! É a única maneira de evitar a enxaqueca crônica e a crônica da enxaqueca. A governadora está em férias em lugar incerto e bem sabido. O vice foi dispensado para atuar na oposição. Está entre o Dem e o PSol. O governo muda mais de comando que time de futebol. A secretária da Educação desistiu de conquistar corações e mentes.


– O Cpers quer mais a cabeça da governador que a minha.


Comentário de um professor desabusado:


– É uma questão de meta, de produtividade, de hierarquia e de plano de carreira. Mais uma cabeça a prêmio.


juremir@correiodopovo.com.br

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