CORREIO DO POVO - ANO 114 Nº 301
PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 28 DE JULHO DE 2009
Texto de Juramir Machado
Nada é o que parece. Ao que parece. Tudo é questão de ponto de vista. Ponto. À vista. Os novos tempos produzem situações absolutamente fora de controle. O controle, de resto, é remoto. Mas o canal é sempre o mesmo: um pistolão. Abre caminho. É o método preferido dos bandidos. E dos namorados de netas de senador. As câmeras nos vigiam por toda parte. Mas não vigiam as Câmaras. Muito menos o Senado. Se correr o deputado pega, se ficar o senador come. Se gritar pega senador, não fica um, meu irmãozinho, não fica um para a comissão de ética. Como diz o outro, cunhado não é parente. Salvo se for para arranjar emprego.
Conversa entre cliente e advogado:
– Cometi um crime hediondo, um crime terrível, doutor.
– Resolveu se candidatar?
Bate-papo entre dois mecânicos da Fórmula 1:
– Barrichello não teve culpa alguma. Ele deu azar.
– Estava correndo atrás?
– Não, na frente.
A vida é assim mesmo. Como? Uma sucessão de crises sem explicação e de explicações em crise. Tudo se discute, nada se resolve.
Debate entre um especialista em comportamentos contemporâneos e um eleitor brasileiro:
– Tudo mudou depois de 1968. Foi uma revolução do cotidiano. A família brasileira mudou seu comportamento.
– É. Tem razão. Agora só falta a família Sarney.
O criminoso retoma a conversa com o advogado:– Doutor, cometi um crime bárbaro. Estou liquidado.
– O senhor tem provas?
Galvão Bueno chega ao hospital em Budapeste:
– O senhor é parente?
– Não. Sou o Galvão Bueno.
– Então, José Sarney nada pode fazer pelo senhor.
– Mas eu sou da Rede Globo!
– Neste caso, o Lulla mesmo resolve.
O criminoso volta apavorado para conversar com o seu advogado. Teme, contra toda as evidências, ser condenado:
– Doutor, insisto, o crime que cometi é mesmo hediondo.
– O senhor tem prova?
– Tenho.
– O que prova que a sua prova é uma boa prova?
Nada é o que parece. Menos ainda o que transparece. Lugo e Lulla se encontraram para um entendimento.
– Pô, Lugo, me dá uma luz para que eu possa te ajudar.
– Claro, amigo. Energia para isso é o que não me falta.
– Todo mundo sabe que você tem energia de sobra, Lugo. Vamos resolver isso numa boa. Me dá uma luz, vai, meu.
– Dou, claro. Mas quero 200% de aumento.
Papo-cabeça: o Rio Grande do Sul está acéfalo. Ufa! É a única maneira de evitar a enxaqueca crônica e a crônica da enxaqueca. A governadora está em férias em lugar incerto e bem sabido. O vice foi dispensado para atuar na oposição. Está entre o Dem e o PSol. O governo muda mais de comando que time de futebol. A secretária da Educação desistiu de conquistar corações e mentes.
– O Cpers quer mais a cabeça da governador que a minha.
Comentário de um professor desabusado:
– É uma questão de meta, de produtividade, de hierarquia e de plano de carreira. Mais uma cabeça a prêmio.
juremir@correiodopovo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário